Entrevistada: Sheila Costa Vilhena Pinheiro
Função: Coordenadora geral da UAB de Biologia
UFPA
Titulação: Doutoranda
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=E9701196
Licenciada
em Ciências Biológicas (1993-1997/UFPA), Especialista em Ensino de Ciências
(1999-2000/UEPA), Mestre em Educação em Ciências (2004-2006/IEMCI-UFPA e
doutorando do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática
(IEMCI-UFPA), possui experiência como professora da Educação Básica como
professora de ciências para o ensino fundamental regular e de jovens e adultos,
e na Educação Superior, atua como docente-pesquisadora na área de Formação de
Professores, ministrando disciplinas em cursos de nível lato sensu da área de
Educação e Educação em Ciências e atuando como Coordenadora de Tutoria do curso
de Licenciatura em Ciências Biológicas, modalidade a distância, da UFPA.
Reúne experiências com planejamento e execução
de processos de Seleção de Tutores, Cursos de Formação em Tutoria, desenvolvimento
de materiais didáticos impressos e online para o ensino a distância,
desenvolvimento de cursos via web no ambiente Moodle. É membro da Associação
Brasileira de Educação a Distância (ABED). Atualmente professora efetiva do
quadro da UFPA, Coordenadora geral da UAB de Biologia
UFPA e doutoranda na área de educação.
A Entrevista
Alunos UFRA: “Fale um pouco sobre sua formação acadêmica e trajetória
profissional. E há quanto tempo você exerce a profissão docente e quais
instituições?”
Profa. Sheila: “Sou licenciada em
Ciências biológicas pela UFPA, e quando conclui a licenciatura atuei por doze
anos como professores da educação básica, em escolas da rede estadual e
municipal, como concursada, quando neste período eu fiz especialização em
ensino de ciências, por conta da minha área que é ciências biológicas.
Fiz
mestrado em Educação em Ciências, sendo este concluído, retornei para as
escolas estaduais e municipais e ingressei na ensino a distância UFPA no curso
de Biologia a distância. Nesta na época fiz um curso pela UnB que era um curso
onde os profissionais seriam selecionados para atuarem no curso a distância de
Biologia e como eu tinha desenvolvido uma pesquisa de mestrado sobre a formação
de professores a distância, o meu conhecimento e desempenho no curso que era
todo on-line, favoreceu para que eu fosse chamada para atuar como coordenadora
de tutores. [...] A partir disso, realizei minha pesquisa de mestrado sobre a
formação de professores a distância, neste contexto, onde atuei no ano de 2006.
Atualmente,
sou coordenadora do curso a distância Ciências Biológicas, ingressando em 2009
como professora efetiva do quadro da UFPA, concomitantemente sou doutoranda em
Educação Científica e vice-diretora da faculdade de Ciências Biológicas. Além
disso, no ano que ingressei no doutorado me desliguei das escolas de educação
básica para ingressar como professora efetiva da UFPA.
Alunos UFRA: “Fale um pouco sobre suas dificuldades e facilidades como docente
e o que foi decisivo para atuar nessa área utilizando essa modalidade de ensino?”.
Profa. Sheila: “Quando eu ingressei
eu vim de uma formação que na verdade era um bacharelado, ou seja, a
licenciatura era um bacharelado que formava para ensinar e não tínhamos uma
identidade de formação como professores, éramos, na época, uma turma única
mista de licenciandos e bacharelandos, sendo somente no final do curso, que se
dividia a turma para o estágio no laboratório dos bacharelandos e os licenciandos,
nas escolas, com as disciplinas pedagógicas.
Quando
ingressei nas escolas, não tinha identidade profissional construída e nem
iniciada pela carência de discussões e dimensionamento mais forte dentro da
licenciatura em nosso curso. Neste tive dificuldades relacionadas às [...] necessidade de
tentar resolver problemas de aprendizagem dos alunos e a minha fragilidade em
conseguir isso, em compreender os problemas da escola, em entender determinados
aspectos que achava importantes como. Exemplos disso, como o papel do professor
no ensino, a necessidade dos alunos aprenderem de fato o que se ensinava e como
ensinar para promover a aprendizagem. Coisas que povoavam a minha cabeça e me
preocupavam, me impulsionando em busca de estudos, numa formação continuada.
Tanto é que participava sempre de espaços de qualificação educacional nas
escolas, já como professora [..].”
Alunos UFRA: “E neste caso a escola ajudava, ou existiram
problemas com a escola ou professores na sua busca por estudo?”.
Profa. Sheila: “Ajudava a mobilizar
em mim as preocupações que me fizeram ir em busca de estudo. São problemas
comuns do ensino, trabalhávamos com trabalhar com conteúdo pra que ele fosse
memorizado, e isto para mim era um problema, porque detínhamos um volume imenso
de conteúdo que eu achava que nem tudo fazia sentido para os alunos, mas, ainda
na tinha autonomia para dizer o que poderia ser melhor trabalhado. Quem não conhece
não consegue ser autônomo [...].
Os
professores da escola eram, no meu ponto de vista, muito individualistas [...],
discutiam que o ensino tinha que ser interdisciplinar, que a escola tinha que
estar preparada para as diferenças entre os alunos [...], discussões estas, que
se ouvia na escola, mas apenas em momentos pontuais como semanas pedagógicas,
depois voltavam à rotina”.
Alunos UFRA: “Como suas experiências na docência direcionaram
seus projetos de pesquisa?”.
Profa. Sheila: “Como professora tenho preocupações relacionadas
à profissão docente. Então, eu fui buscar abordagens de pesquisa que pudessem
estar vinculadas a esta linha de pesquisa, que e a de formação de professores.
Hoje eu
desenvolvo pesquisas na formação de professores na graduação que é a formação
inicial e na formação de professores na continuidade da profissão, que é a
formação continuada.
Investigo
memórias docentes buscando encontrar nesta trajetória profissional respostas
para as atitudes que os professores tem hoje e como esta história ela pode ser
mobilizada para uma mudança educacional nas escolas.
A minha trajetória profissional está situada
no interesse em investigar o professor como um importante protagonista desse
cenário educacional. Acredito que se não investimos no professor, dificilmente conseguiremos
transformar a educação neste país. Valorizo muito a formação dos professores em
todos os aspectos em minha pesquisa”.
Alunos UFRA: “Possui linha de pensamento teórico baseado em algum autor?”.
Profa Sheila: “Tenho referenciais teóricos que acompanham e
fundamentam o nosso jeito de ver o mundo. Eu poderia citar o Paulo Freire, que
é uma leitura nossa que é referência de vida e de profissão mesmo. O Boaventura
de Souza Santos que traz Sociologia para iluminar a compreensão da Educação e
da Ciência com a percepção que estamos vivendo a transição de um paradigma
emergente, que é o paradigma da complexidade que quem vem discutindo é Edgar
Moran. Estudo também, Edgar Moran para tentar me inspirar em compreender a
complexidade da escola e da formação dos professores nesse âmbito no ensino de
Ciências e Biologia. Além de autores da minha própria área como Ilié Pligogini,
Vigostky, Piaget, etc”.
Alunos UFRA: “Qual sua visão sobre a inserção do computador na educação como
ferramenta de apoio pedagógico?”.
Profa Sheila: “A expressão ‘ferramenta de apoio pedagógico’
diz tudo. Pois houve uma época que se dizia que o computador ensinava, mas o
computador não ensina. Sou de uma época em que se dizia, com a chegada do
computador na escola, iria acabar com a profissão docente. Quando não é verdade,
o computador vem auxiliar, é uma ferramenta a mais, para dinamizar, trazer a
tecnologia até nós, pra nos tornarmos mais próximos desta geração que é
tecnológica. O professor precisa se apropriar do computador e de suas
linguagens [...]. A tecnologia por si só não educa ninguém. É o professor que
educa a partir dela [...]”.
Alunos UFRA: “Já Ouviu falar no licenciado em computação? O que você acha de
disciplina de informática na educação básica, conhece algum autor nessa área?”
Profa Sheila: “Não. Eu acho que o profissional licenciado em
computação tem que estar em toda dinâmica da escola não só com os alunos, mas
também com os professores. Eu nunca ouvi falar num licenciado em computação. Eu
estou até surpresa, já pensando aqui no que seria o licenciado em computação.
Seria o professor que ensina a informática? Ou que ensina a lidar com a
informática para o tratamento pedagógico do meu conteúdo, porque se for assim é
um profissional que vai ter uma inteligência tal de me ajudar a perceber como
no ensino de ciências e biologia, como posso tratar meu conteúdo para utilizar
a tecnologia, juntamente. Alguém interdisciplinar que esteja 40 horas semanais
na escola para ajudar aquela comunidade a construir projetos de tecnologias no
ensino. É alguém que não vai estar numa sala de aula ou num laboratório preso
com as turmas, mas alguém que vai circular na dinâmica da escola. Eu vejo assim”.
Alunos UFRA: “Possui algum projeto que inclui a informática educativa na linha
de estudo.
Algo que você
gostaria de comentar?”
Profa Sheila: “O projeto que temos é via Moodle. Mas é uma
interação muito problemática, em virtude da dificuldade da internet nos polos
do interior. Temos dificuldades de intensificar a interação pelo Moodle em
função desta dificuldade. Eu não tenho um projeto hoje, porque no momento eu
estou em defesa de doutorado. Mas, nunca perco de vista isto, inclusive eu
tenho uma proposta para trabalhar na UFPA com os professores. Entretanto, tenho
minhas limitações neste sistema, conheço e trabalho no Moodle, mas tenho os
pensamentos de uma professora de Biologia, mas eu não possuo o domínio vasto
sobre a tecnologia. E o licenciado em computação viria a contribuir.”.
Alunos UFRA: “Agradecemos pela entrevista. Boa tarde”!
Profa Sheila: “Disponha. Boa tarde”!
Alex da Costa Pereira
Jorge Baima
Áudio da entrevista completa: http://www.4shared.com/mp3/EBj2w3YG/18042012000